10 Mitos sobre autismo que devias saber
Existe muita informação espalhada pela internet acerca da Perturbação do Espectro do Autismo que se pode considerar bastante enriquecedora, contudo, existem também muitos equívocos sobre o mesmo tema. É, por isso, muito importante verificar muito bem os factos. A lista a seguir com 10 mitos sobre autismo pretende não só esclarecer alguns desses equívocos, como também contribuir para consciencialização para o autismo.
Mito 1 - Autismo é uma doença
O autismo não é uma doença. A Perturbação do Espectro do Autismo é uma perturbação do neuro desenvolvimento, que afeta a capacidade de comunicação e interação com os outros. Existe mais do que um tipo de autismo derivado de diferentes combinações genéticas e fatores ambientais. Pessoas com autismo têm dificuldades de comunicação, interação social e atividades. Contudo, isto é o que eles são e não o que eles têm, não estando assim, doentes. O autismo é visto como uma identidade.
Mito 2 - Autismo tem cura
Infelizmente, o autismo é uma perturbação para a vida toda, não podendo ser curado com medicamentos. Apesar de ser para a vida toda, pessoas com autismo podem viver de forma independente, produtiva e confortável. Com recurso a terapias, intervenção e educação, os desafios provenientes do autismo podem ser controlados. Por outro lado, existe medicação que pode ser utilizada para lidar com os problemas gastrointestinais e/ou comportamentais despoletados pelo autismo.
Mito 3 - Dietas especiais podem curar o autismo
Pesquisas demonstram que, de facto, a dieta não tem um efeito direto no autismo. Pessoas com autismo podem ter problemas digestivos, tal como qualquer outra pessoa, e, nesses casos, uma dieta especial poderá ajudar. Muitas pessoas com autismo têm, também, alergias alimentares, que também podem ser controladas com dietas específicas.
Mito 4 - Indivíduos com autismo são génios/têm défice intelectual
Tal como mencionado anteriormente, o autismo é uma perturbação do espectro. Isto significa que as suas características diferem de uma pessoa para outra. Até pode ter visto um filme com um ator com autismo, mas o mesmo pode não se passar com o seu vizinho, que também tenha autismo. As limitações e benefícios demonstram-se de forma diferente em cada pessoa e, por isso mesmo, não podem ser generalizadas. Enquanto muitos indivíduos com autismo têm uma atividade intelectual normal, outros podem ser incrivelmente bons em matemática e artes, por exemplo.
Mito 5 - Indivíduos com autismo não querem fazer amigos
O autismo afeta as interações sociais da pessoa. Contudo, isto não significa que não queiram socializar. Podem parecer antipáticos ou indiferentes por fora, mas tal resulta do facto de terem bastantes dificuldades nas competências sociais e serem incapazes de comunicar os seus sentimentos.
Mito 6 - As crianças com autismo não conseguem aprender
Isto simplesmente não é verdade! Para educar uma criança com autismo é crucial primeiro ensinarmos a nós mesmos e descobrirmos a forma correta de abordar a criança. Com os métodos apropriados, terapias, suporte e amor, conseguem aprender.
Mito 7 - Má educação por parte dos pais causa autismo
Este mito foi desmistificado há muito tempo. Havia uma teoria chamada "hipótese das mãe-frigorífico" nos anos 1950 que sugeria que o autismo era causado pelas mães que estavam emocionalmente fragilizadas. Contudo, hoje em dia sabemos que esta teoria não está correta.
Mito 8 - Vacinas causam autismo
Este é um mito bastante comum na sociedade. As vacinas não causam autismo! Há muitos anos, a pesquisa que sugeria que as vacinas causavam autismo foi considerada enganosa e o físico que a publicou perdeu a sua licença. O instituto de medicina, bem como outros institutos, investigaram o caso a fundo o suficiente e não descobriram evidências credíveis que ligassem as vacinas ao autismo.
Mito 9 - Recentemente, existe uma epidemia de autismo na sociedade
1 em cada 68 crianças é diagnosticada com Perturbação do Espectro do Autismo. Este número tem vindo a aumentar drasticamente ao longo do tempo. Contudo, a razão do aumento não se deve a uma epidemia de autismo. Desde o fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, com a legislação que pressupõe apoios com recursos e mais educação a indivíduos com autismo, a consciencialização para a perturbação tem aumentado. Com este aumento de consciencialização, um maior número de pais, pediatras e educadores aprenderam a identificar e reconhecer os sinais do autismo. Como resultado, mais pessoas são diagnosticadas. Para além disso, a definição de autismo também se alterou ao longo deste processo, tornando-se mais abrangente, o que também explica o aumento da prevalência.
Mito 10 - Indivíduos com autismo não conseguem experienciar emoções ou compreender as emoções de outros
O autismo não faz com que os indivíduos não sintam as emoções que todas as pessoas experienciam. Contudo, tendo em conta o impacto na capacidade de transmitir emoções, pode parecer que não as sentem. Por outro lado, têm dificuldade em interpretar as expressões de outras pessoas e podem não ser capazes de detetar a tristeza ou a alegria, baseando-se apenas na linguagem corporal. A comunicação deve ser direta quando falamos de indivíduos com autismo, mas isto definitivamente não significa que não possam sentir alegria, tristeza, empatia ou compaixão, apenas têm uma forma diferente de os expressar e compreender.
Fonte:
Rute Melo
Licenciada em Terapia Ocupacional, Escola Superior de Saúde - P.Porto. Pós-graduada em Integração Sensorial, Escola Superior de Saúde do Alcoitão
Tem uma paixão assumida pelo trabalho na área da pediatria, mais especificamente nas áreas de atraso de desenvolvimento e ensino especial.
O que a move é poder dar mais oportunidades de aprendizagem a crianças com dificuldades de desenvolvimento, trabalhando todos os dias em prol de apoiar os pais, tutores e colegas terapeutas.